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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A propósito da ANDORINHA, vamos ler Jacques Prévert...

Caros colegas e amigos deste espaço cooperativo e colaborativo!

Aqui estou eu de novo. É a primeira vez, desde Julho de 2009, ou seja, desde que terminámos todas as activiades do Conectando Mundos sobre "O Efeito Borboleta". Já comecei a trablhar com a turma e, neste momento, quis partilhar convosco um poema de Jacques Prévert que se relacina com a idea de pássaro, mas que se aplica ao tema que desenvolvemos e nos dá inspiração e uma certa ideia de beleza que as aves nos transmitem. Além disso, quem o ler, dá conta do que é o sabor e o fascínio que sentimos pela andorinhas, aqueles seres qu simbolizam a pureza, a coragem, a inocência e o amor filial à Pátria (migração) e a relação mãe-filho.

Saboreiem as palavras sempre sábias e belas de Prévert.




Para desenhar um pássaro

Pintar primeiro uma gaiola
com uma porta aberta.
Pintar depois
qualquer coisa bonita
qualquer coisa simples
qualquer coisa bela
qualquer coisa útil
para o pássaro.

Pendurar depois a tela numa árvore
num jardim
num bosque
ou numa floresta
escondermo-nos atrás do tronco
sem falar
sem um gesto...

Às vezes, o pássaro chega depressa,
mas também pode acontecer que demore muitos anos
antes de se decidir.

Não se desencorajem.
Esperem.
Esperar anos, se for preciso,
a rapidez ou a lentidão da vinda do pássaro
com o êxito do quadro.

Quando o pássaro chegar,
se acaso chega,
guardar o mais rigoroso silêncio.
Esperar que ele entre na gaiola.

E depois dele entrar
fechar docemente a porta com o pincel.

Depois,
apagar uma a uma todas as grades
tendo o cuidado de nunca tocar nas penas do pássaro.
Desenhar depois a árvore,
escolhendo o mais belo dos seus ramos,
para o pássaro
pintar, igualmente, a verde folhagem e a frescura do vento,
a poeira do sol,
o rumor dos bichinhos da erva no calor do Verão
e esperar que o pássaro cante.

Se o pássaro não canta
é mau sinal.
Indica que o quadro é mau.
Mas se ele canta, ai que bom!
É sinal que podemos assinar.

Nessa altura, arranca-se, suavemente,
uma das penas do pássaro,
e escreve-se o nosso nome, num canto do quadro.

Jacques PREVERT (1900-1977)


Isilda Lourenço Afonso -E.B. 2,3 de Lamego

1 comentário:

  1. Cara colega,
    Este poema, o tema do SONHOS DE ANDORINHA, a "viagem", o sonho e a partilha que eles (o poema e o tema) nos sugerem fez-me lembrar deste clássico, de Toquinho e Vinicius, a "velha" Aquarela, que podemos encontrar aqui numa versão engraçada para os alunos verem: http://www.youtube.com/watch?v=IG1ZU56tsdo
    Não lhe parece que casa bem com o vosso poema?..

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