O trabalho que se segue relaciona a prática da Filosofia na cidade com a formação de cidadãos preocupados e interessados na vida em comunidade. Mais precisamente sobre o método de Socrátes, que o tornou uma figura importante e que, ironicamente, o matou, na sua vontade de tornar o cidadão um ser autonomamente reflexivo e, sobre os objectivos do projecto “Conectando Mundos – Alterações Climáticas” na qual se relacionam, havendo algumas similitudes.
Tendo alguns conceitos sido questionados aquando da morte de Sócrates, resta saber o que mudou então? Voltarão a liberdade e a tolerância a ser postos em causa(como foi no caso de Sócrates)? Ou, terão os ideais de um espírito livre direccionado todo o cidadão para a reflexão como apoio à cidadania global?
Na Grécia Antiga, havia já quem se questionasse sobre a prática da cidadania: através da reflexão interior e intelectual do homem, como motor de uma comunidade social e politicamente estável.
Falo-vos de Sócrates. Sócrates foi um grande Filósofo na Grécia Antiga que fora condenado à morte por acusação de impiedade e de corromper os jovens. Ainda hoje se reflecte acerca da intolerância e privação de liberdade que se mostrava durante o seu julgamento pois, mais nada queria Sócrates do que permitir ao cidadão ateniense a reflexão dos valores, ajudando-o a tirar, de si mesmo, opiniões próprias e claras de falsos valores. Através do seu método dialéctico, Sócrates pretendia que o cidadão fosse capaz de pensar, de tirar deduções correctas, enunciando a verdade por ele mesmo, em vez de lhe serem facultadas conclusões já elaboradas.
Até à data, a preocupação pela vida em sociedade tomou vários partidos e foi tema constante para outros filósofos e políticos. O surgimento de diversos problemas que afectam a comunidade mundial, como as questões ambientais, requerem uma inter-ajuda e colaboração dos cidadãos para que seja possível encontrar uma saída que favoreça grande parte da comunidade e que a faça progredir, positivamente. É aí que entra o projecto “Conectando Mundos”.
Este projecto, que se liga a questões de carácter ambiental, objectivava para a aquisição de um espírito reflexivo e crítico que apelasse à responsabilidade global, tal como Sócrates, movendo as pessoas para uma participação mais activa na sociedade, de forma a que todos nós nos apercebessemos da imensidão que, hoje, as alterações climáticas impõem. Fazia-nos reflectir sobre as nossas acções e, consequentemente, na influência que elas exerciam no que nos rodeia. Encaminhava e possibilitava meios, não concretos, a fim de chegarmos a conclusões que resultavam da nossa livre e consciente ponderação. E, de acordo com o próprio nome do projecto, pretendia a unificação dos saberes e metalidades dos diversos “mundos”.
Todo o conhecimento gerado pelo cidadão comum, como fruto da reflexão dos seus valores e da sua consciencialização, permite o crescimento de uma cidadania sustentável e equilibrada. Cada cidadão representa a raiz que sustenta toda a sociedade.
Tendo a relevância que este assunto tem no futuro do planeta, um dos objectivos passa por cada ser humano adquirir, na reflexão, o verdadeiro conhecimento ao qual, segundo Sócrates, virá de dentro: só o conhecimento que vem de dentro é capaz de revelar o verdadeiro discernimento.
Ambos, (Sócrates e o “Conectando Mundos”), pretendiam desenvolver, no índivíduo, o seu poder de pensamento, de conhecer e apreciar verdades como as de fidelidade, honestidade, sabedoria, responsabilidade, ou pelo menos, adquirir essa capacidade.
Neste contexto, a importância que a Filosofia tomou na vida do homem, como ser capaz de raciocinar, logo, conhecer, permite a integração da mesma na vida quotidiana. Pondo em dúvida certos valores e pressupostos, o homem caminha em direcção a conceitos distintos e esclarecidos que possibilitam a coexistência entre os seres vivos, respeitando e percebendo toda a sua complexidade.
Apesar de já ter passado muito tempo desde a condenação de Sócrates, por vezes ainda encontramos situações similares onde se é privado de dialogar e comentar, livremente (apesar de uma forma não tão rigorosa), sofrendo julgamentos de outros que vivem na ignorância de se acharem sábios. Todo o ser humano deve perceber que para uma vida em comunidade, que promova o desenvolvimento sustentável, é necessário fazer-se responsabilizar pelos caminhos que toma e quais as suas repercussões no meio em que vive.
O aquecimento global é actual e, por mais que se tente afastá-lo da realidade, por mais que certos grupos achem que se está a dar demasiada importância ao assunto, é preferível que, mesmo assim, a sociedade seja capaz de suplantar problemas, que cada ser humano seja capaz de reflectir por si só a fim de prever catástrofes naturais, demográficas, económicas, etc, mantendo o equilíbrio ecológico do nosso planeta, não comprometendo as gerações vindouras.
Realizado por:
Maria Inês Marques nº24
11º G – Línguas e Humanidades
Disciplina: Filosofia
Docente: Luísa Costa
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